Raquel Moreno
A inclusão que exclui
Atualizado: há 7 dias
Como as empresas devem incluir os surdos corretamente?

Há muito existe um discurso referente a inclusão de surdos nas empresas ou até mesmo de outros tipos de deficiência, caracterizado por vários movimentos e lutas em busca de um direcionamento contundente para que possam garantir seu lugar na sociedade.
Sabemos que a inclusão está relacionada aos direitos fundamentais, e que deveria ser para todos, com todos e que nenhum fique para trás, afinal, a Lei de Cotas para PCDs oficialmente chamada de Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº 8.213/91), determina que empresas com cem ou mais empregados devem preencher uma parte dos seus cargos com pessoas com deficiência, muitas dessas vagas não são preenchidas, além disso, é muito claro e notório que o mercado de trabalho para pessoas surdas ainda é bastante limitado e nada inclusivo.
Ainda hoje, a falta de informação e a constante forma de pensamentos capacitista aumenta todos os desafios que nós surdos ou deficientes auditivos enfrentamos, pelo simples fato de que as empresas ainda consideram a comunicação uma forma “complicada” de lidar.
Os desafios começam na falta de formação e isso aconteceu por falta de acessibilidade no processo educacional; raramente encontramos tradutores e intérpretes de Libras nas empresas nos processos seletivos, inviabilizando a comunicação; as empresas não investem em tecnologias assistivas; e o maior dos problemas é o capacitismo, pois a empresa já contrata acreditando na incapacidade do surdo realizar algumas atividades.
A grande verdade é que qualquer profissional pode trabalhar a inclusão de pessoas surdas nas organizações e não precisa ter expertise no assunto:
Informe-se sobre pessoas surdas, entenda a diversidade, saiba mais sobre a cultura surda e o que o seu candidato traz além da sua característica de ser pessoa surda.
Lembre-se o ambiente corporativo pode ser cruel e criar vínculos buscando alternativas para comunicação pode trazer grande alívio para a pessoa surda.
O WhatsApp veio para revolucionar a vida dos surdos, use mensagens, ainda que a comunicação ou a forma de escrever seja “estranha”, busque conhecimento sobre a gramática em Libras, tudo pode ficar um pouco mais fácil
Facilite a leitura labial, expressões faciais – não tenha medo de fazer “caretas”, fale devagar e articulado, fique de frente.
Não pratique o capacitismo, a nossa capacidade de aprendizado e evolução não é comprometida pela deficiência.
Contrate intérprete de Libras para a entrevista, isso permitirá que você conheça melhor seu candidato.
Entenda, essa forma “sofisticada” de exclusão está presente na sociedade atual, não somente no mercado de trabalho, e de forma sutil a segregação está ressurgindo dos velhos tempos. Caso não houvesse aspectos legais na garantia de direitos, a sociedade promoveria a inclusão de forma espontânea?
Algo a se pensar. Ou de fato a exclusão “sofisticada” acontece na frente dos nossos olhos?
Reflita!